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allan de lana

sábado, maio 31, 2003

"Oh, vala materna quase repleta de água lamacenta! Belo esgoto fabril! Engoli teu lodo nutritivo; e lembrei-me do abençoado seio negro de minha ama sudanesa... Quando saí - roto, imundo e malcheiroso - de baixo do automóvel emborcado, senti o ferro incandescente da alegria perpassando-me deliciosamente", disse Marinetti pela boca de Rosalind Krauss.


*Boccioni: Forme uniche della continuità nello spazio

domingo, maio 25, 2003

Galeria da CAL. Uma instalação contém linhas pretas a partir do teto que dependuram muitos lápis "faber castel". Aguém disfarçadamente desenha com um lápis na parede branca. O artista ao ver o desenho se revolta ameaçando pintá-lo com tinta branca. Sua obra, não percebe ele, ganhou independência, ao que devia estar contente. Pergunto então:
- Mas o discurso dessa sua instalação não é sobre desenho? Não é de desenho que ela trata?
Nitidamente as linhas em tridimensão pretendiam contrastes que imitavam uma técnica usada também para imitação (o desenho), fazendo, provavelmente sem o artista querer, com que a mímesis reaparecesse (ela havia sofrido atentado já na arte moderna), mas dessa vez ao avesso: a imitação daquilo que já não pretende representar.
- É... É isso. Mas se eu quisesse que alguém riscasse eu haveria deixado isso claro. Eu teria escrito aqui, ó: desenhe. Se ao menos fosse um desenho bonito, mas é essa coisa feia aí!
Fiquei calado. Vendo aquela obra de arte que tinha virado a independência tétrica do Dr. Frankstein. Só agora ela tinha ganhado um sentido revelador e o autor não percebia isso. Mais uma vez o Gombrich estava certo em sua "Arte e Ilusão": as linguagens são instituídas e disseminadas e a nossa expressão vai-se limitando ao que a gente conhece previamente.
- O transgressor pelo menos entendeu o seu recado. Mas deve ter sido mesmo demasiado transgressor - disse eu para consolá-lo.

quarta-feira, maio 21, 2003

Quanto tempo!!! Primeiro meu computador foi atingido por um raio, depois pegou fogo. Depois que voltou não tive mais tempo para respirar prolongadamente e escrever no blog. Entretanto, tenho vivido "artisticamente" (ou emocionada, expressiva e reveladoramente, até o ponto em que sejam sinônimos), em uma obra de arte tensa e dramática, cheia de contrastes. Estou chegando a um clímax, embora possamos achar o "clímax" um tanto arcaico... Quase posso dizer que viver de maneira emocionada e reveladora implica em matar a arte ou pelo menos desfrutar de seu cadáver ou, na melhor das hipóteses, de seu fantasma. Esse é um tema confuso e por isso interessante para ser abordado, mas não agora. Até!

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