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allan de lana

domingo, novembro 30, 2003

Meus arranha-pés a cinco centímetros do chão do meu quarto. Já posso do terraço olhar pra trás. Até mais, tchau, eu digo, mas nada vai embora, porque o que construí está sob meus pés. E só me despeço da ação no tempo.

terça-feira, novembro 11, 2003

Em coro,
ouvidos.

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Viver, patologia, se à parte
dos sentidos e matérias-primas.
Drogas, comprimidos e morfinas,
fossem elegias, não pop art,

hiperestesia seriam pura,
antes que nos confiscassem pontas.
Pontas de béque e gotas de cura,
patéticos goles do remédio

médio como classes
segmentam e semeiam... e repartem.
Apertar... Relax.

Amarrar a veia.
Resistência branca olhar turvo em volta:
de fé vive o homem.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Ah! Tanta ironia!
Ser irônico é não acreditar
em algo que parece ridiculamente
tenso, desmedidamente insípido
e perigoso.

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O rizoma é nosso deus
e nada nos comprará,
pois a união faz as Contas.

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Será que me sinto mal por ser auto-biográfico?
Um pouco, talvez.

... Mas digo que foi bom ter assistido ao "O Homem que não Estava Lá". Todos estavam lá, passavam por ele sem saber de um fato que o destacava da multidão. O fato é que nosso personagem matara um homem, e sua mulher, amante do homem, fora presa por engano. Sabia ele de tudo, mas ninguüém mais dava a mínima, e os que soubessem do fato, só conheceriam a versão da polícia. Todos estavam lá, mas o nosso rapaz, não, era como se pairasse sobre a multidão ignota.

Quando presenciamos um fato peculiar sozinhos ou temos uma visão particular de um acontecimento, somos um pouco mulheres ou homens que não estavam lá. Porque, quando nos arrouba a consciência o incomum e este transforma a nossa relação com as coisas (sejam quais forem), passamos a nos diferenciar do comum. Distanciamos-nos da multidão. Eis um resultado da vontade e da curiosidade. Se posso parafrasear Schopenhauer, digo que a substância prima da ação é a vontade, que constrói o Mundo (por favor, não leia passivamente o "Mundo"), estabelece relações inauditas.

A inutilidade do artista pode ser um misto dessa questão com a de Cassandra. Mistura de revelação e vidência (mesmo que fantasiosas) com uma vontade ansiosa de potência e de ser ouvido em suas previsões.

Francis Bacon nos contou que contaram os poetas o mito de Cassandra. Ela concebeu amar eternamente Apolo, desde que este a desse o poder da divinação. Ele o fez, mas Cassandra, satisfeita por sua conquista, passou a ignorá-lo, deixando Apolo na solidão abandonado e de sentimento ferido. Este, por sua vez, vingou-se: malogrou à deusa o castigo de permanecer com o Dom dado, mas sem que ninguém acreditasse no que dizia. Cassandra preveu desastres que destruíram seu povo, mas ninguém acreditou nela. Ao contrário, ridicularizaram-na antes de perceberem na prática a verdade de suas palavras.

Essas são as maldições dos inúteis e ociosos.

domingo, novembro 02, 2003

Toda sexta-feira de outubro aparece antes do post no formulário de postagem:

Sex Out


Fome Zero na Terceira Ponte
Esse é o meu mais novo trabalho tridimensional, que realizei com a ajuda de minha mãe, que me deu dicas de culinária, e do meu irmão mais velho, que filmou a ação.

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