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Minha foto
allan de lana

sexta-feira, setembro 24, 2004

A partir de hoje teremos mais imagens. Espero que o fato de boa parte delas ser fotografia, entretanto, não as façam bonitas e burras, nem feias e inteligentes. A primeira é bonitinha, bem executada, depois editada, pra ficar mais babaca ainda. Veja como ela é patética, veja como a beleza pode ser horroroza e como não cabe nesse espaço aqui, do eaudeparfum, nem em outro espaço nosso, íntimo. Por isso a publico: gosto de coisas feias, principalmente quando desacatam autoritarismos por si mesmas. Chacotas!: esse é um olhar pra fora, um olhar inconveniente. Adiante voltaremos à nossa leveza, uma ventania de quem tem pesos insuportáveis em suas cabeças-cheias, e que por isso sabe ter momentos de deleite a dois (ou mais).




Tratada de outra maneira, esvaziada da beleza e da harmonia, essa é a imagem de um templo, onde a meditação é usada para, justamente, harmonizar, expandir-se no espaço azul ou branco, vazio. Mas, nesse vazio tão cheio de sentido que se torna agressivo dependendo do blog que o expõe, algo há de ser notado: a mediação. O teto busca a imensidão onde, supostamente, moram espíritos. Mas atrás de um muro preto mora São Francisco, dando de comer aos pássaros. Joões de barro, suas moradas tão singelas, arrebatando de revés as alturas gloriosas de templos com frisos extendidos até as nuvens, são tanto quanto a lembrança pelos sentidos, nada mais, tudo o que se procura sem êxito noutro paraíso. A Beleza com "B" maiúsculo não é terrena.

sábado, setembro 18, 2004

Senhoras, não eduquem seus filhos.

domingo, setembro 05, 2004

Merz
Conhecer o merz é simples e importante. Ele é uma negação sarcástica da razão utilitária.

Como a dialética de Hegel, na denúncia de Michael Peters, composta por negações que constroem a afirmação segundo um princípio de diferença, pode-se pensar o merz em termos do que não é. Peças cheias de "styling" feitas com sucata e ferro velho não o são. Elas podem captar o sentido mercantilista da reciclagem, o mesmo buscado por marqueteiros preocupados em aparentar responsabilidade com o meio ambiente, mas são falsas obras de arte.

O merz verdadeiro, como eu e você praticamos, não se deixa conduzir por moralismos do momento, ele não tem a utilidade como razão de si. O seu autor não abdica do estar-aí, do "ser-no-mundo" e no outro, como primazia da consciência-de-si-no-mundo. O gênio, ao contrário, despreza valores que possam contrariar o luxo idealizado por seus compradores e faz um lixo estilizado.

Para avançar ao conceito, uso a sintaxe anti-nazi de W.Benjamin: afinal, o que é o merz? É uma experiência singular, composta de elementos espaciais e temporais, mas também de relações plásticas, tensões visuais, e sensações conceituais geradas pela descontextualização do elemento descartável. Foi nomeado por Schwitters em 1919, quando usou em sua colagem um folheto de um banco comercial (comércio em alemão = kommerz).

Um dos princípios fundamentais do método de Schwitters consistia em escolher materiais descartados, ordená-los, sobrepô-los e pintá-los parcialmente, de modo a tornar muitas de suas características e textos quase completamente ilegíveis. Obtinham-se relações de tensão compositiva e novas leituras para os "Descartes". Conceitualmente esse princípio pode ser resumido como alteração das relações funcionais com o objeto. Da importância à massificação e do apelo utilitarista vai-se à experiência única, tanto de criação quanto de uso. Das coisas mais ignoradas nas relações despersonalizadas e anômalas vai-se à plasticidade e à percepção. Não há a mínima necessidade de asfixiar a falta de originalidade dos materiais utilizados.

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