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allan de lana

segunda-feira, janeiro 31, 2005

Tudo sobre uma árvore



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nada para arvorar o pensamento,

apenas perturbações.


E como os olhos cindem naquela árvore... e naquela outra! Vão direto à bifurcação do tronco - imagem pulsante: mania. Ao mesmo tempo, um mui comum (epocal) estado demasiado emotivo, diria, uma impossibilidade e, sobretudo, fusão importuna, intermitente e alienante da alma. Anima, diz o dicionário, significa princípio de vida.
Por aí, desanimam, enfim.


Árvore engendra uma repetição e uma leve alteração. Penso que signifique vento nórdico, do grego (aér - ar ou atmosfera - mais Bóreas - o deus Bóreas e no sentido de vento nórdico, propriamente). Ar e vento não são sinônimos, mas, em determinada disposição de leitura, se tocam e fazem o ar (atmosfera) mutável, tomado por um de seus elementos moventes. É como Bóreas, que virou a figura de sua tensão animal: de suas duas histórias, a que conheço por alto diz que se transformou em garanhão para deliciar-se com eqüinas que pastavam por campos da Ática.

Talvez toda fusão do tipo arbórea (e as outras) denote certa animalidade, uma regressão do domínio cognitivo. Aqui me parte um vento pulsante, um vento-machado impiedoso, que não permite transportar seivas como Paul Klee, nem fundir de todo. Posso, entretanto, desenhar uma narrativa da insuficiência, uma narrativa da busca por identidade:
qual árvore que não me parte?


Eucalipto é confortante, não bifurca. Poucos quilômetros se caminham à pé daquela primeira árvore da mania até um coletivo de eucaliptos. Com lapso corporal, reduz-se esse caminho a frações disléxicas de chão. Derivei naquelas árvores mais altas e menos bifurcadas. Me vi deitar ali no chão, no asfalto em frente, mas não, era radical, suficiente demais: a retidão extrema. Quem está disposto a arcar com o radicalmente eficaz?

Notei minha alma por perto ali: corpo abalado, pensante, mão direita sobre a testa, olhos vidrados além... Colapsamos linhas na técnica anima sobre paisagem. Uma linha dessas sai pela L3 Norte, só uma, abstrai-se até sumir, vez em quando acaba simulando vísceras (vai, volta, pára, cria paralelas trêmulas, incertas) e torna a desaparecer. Ziguezagues (inquietações). Mas, se não a capacidade para radicalizar, então a calma em conformar. Eis a cura.

Mais um pouco tempo e em frente estava "a" árvore. Bruta, por aspecto e posição de contra-luz com o sol, não por espessura. Curvava o caule para a esquerda. Meio sem cobertura, a copa dizia com o nariz: para lá! Era o ato da tomada de consciência: a curvatura para além do plano. Me abriguei na forma aberta. (Ali ao lado está a outra, a primeira, tenebrosa, pensei ainda). O vislumbre foi um caminhar, seguir aquela pista lançada ao vão.





Texto com alterações, publicado originalmente em:
LANA, Allan de. Tudo Sobre uma Árvore, In PAIVA, Luciana. AR VES. Brasília: Clasta & Clepta Edições, 2004.
Publicação disponível na BCE - Universidade de Brasília.

domingo, janeiro 30, 2005




I



em suma
"É que a gente vai
E fica a obra.
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra."




II



panorama invertido de qualquer pessoa humana.
de modo que não me encontro.




III




férias
pé na jaca.

















CONCLUSÃO



conformação é a munha do gosto
o passo se dá no abandono
quando viajo busco desencontros
o mais é um saco cheio que não derrama.


segunda-feira, janeiro 10, 2005

Agora cheguei da Universidade (já passou de 23:30h) e podia estar no banho pensando em cama. Mas não resisto, e vocês não vão ler isso, porque pensaram que eu só escreveria outra vez em fevereiro e, quando lerem, não poderão comentar. Ótimo, eu adoro calar o silêncio aos outros (na Internet calar tem essa dupla transitividade - e como eu gozo dela!). Vos digo, não sou o Mr. Hide, nem criação de um Dr. Uterson desvairado (e como acreditar nessas negações? Tomem-nas pelo (an)verso, se quiserem). É tudo verdade.

Eu sou. Por isso escamoteio o que passou. Quem vive maltrata o passado consigo mesmo.

Era isso... Algo errado?

Agora posso pensar em dormir. Muito obrigado, palavrinha.

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