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allan de lana

segunda-feira, setembro 10, 2007

O Rio corre vazio;
A luta de classes continua
Ruinas feias mitos pobres
Quem vive o prazer da natureza sem geografia.

. . .Glauber Rocha, Roma, 1979 - Poemas Eskolhidos


Divulgo o escritor Jason Frutuoso.

a forma final de sua primeira obra a ser publicada, "Samuel e o Bezerro Dourado", tem forte participação familiar - as ilustrações internas feitas por mim, a capa e a contracapa ilustradas e diagramadas pelo Alex (meu irmão) e a constante e intensa revisão geral da estória por nossa mãe.

o enredo, originalíssimo, conta dois dramas principais: o de Samuel diante das situações de iminência da perda de seu querido bezerro, Dourado, e o do narrador-personagem diante da sua iminente morte, que poderia significar a interrupção da narração. em uma análise que relacione vida e obra do autor - conhecido em brasília como psicólogo atuante - notamos que o cenário da trama, inquestionavelmente, são as suas próprias memórias da paisagem mineira e da realidade social das redondezas do Vale do Rio Doce, onde passou a infância.

o livro, já revisado, arte-finalizado e com duas bonecas prontas está em ponto de impressão. assim, estamos iniciando uma busca por patrocinador(es) e editora interessados.

veja mais detalhes no site do autor, www.jasonfrutuoso.com.br. os interessados em saber quando for ocorrer o lançamento podem entrar na "Lista de Interessados".

segunda-feira, setembro 03, 2007

O Vento

Queria transformar o vento.
Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.
Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte física do vento: uma costela, o olho...
Mas a forma do vento me fugia que nem as formas de uma voz
Quando se disse que o vento empurrava a canoa do índio para o barranco
Imaginei um vento pintado de urucum a empurrar a canoa do índio para o barranco.
Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.
Estava quase a desistir quando me lembrei do menino montado no cavalo - que lera em Shakespeare.
Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelos prados com o menino.
Fotografei aquele vento de crinas soltas.

Fonte: Manoel de Barros - Ensaios Fotográficos.


O vento balança as jubas folhosas,
As quais guarnecem jornadas por terra,
Previnem do olhar celeste viagens interiores.

Desbravador que aos topos se lança
Em tais meandros devassa trilhas
E sobe pedras a içar montanhas.
Concretiza nos cumes as ventanias,

Igual cariátide que engolisse um buda,
A sustentar - mais alto do que os píncaros
Que o levaram nas entranhas -
O infinito na ponta dos cabelos.

Fonte: Allan de Lana - caderno de explorações, M.G./D.F., 2007.


trechos de um inventário de ruídos

30: motor, silêncio.
31: parece buzina e latido; vinheta de rádio - futebol.
32: silêncio.
33: silêncio; ruídos muito ao longe.
34: caminhão, assobio esquisito - janela do quarto de barbacena.
35: motor; ruídos muito ao fundo.
36: em busca de rua do Largo do Rosário.
16: Gilson, descompressão, caminhada grav. no bolso, música e carros ao longe, caminhada lenta piano, porta, cão.
17: tráfego.
19: latidos, repetição constante de cliques.
20: indefinição com cliques.
21: idem + latidos a 1'55'', jatos de vapor.
22: ruído constante, motor, clique de trem, trilhos.
88: pássaro perto da cachoeira.
89: água da fonte do IBAMA caindo no ralo.
90: idem, com mais variações.
91: aparentemente, silêncio total.
92: ?
93: pássaros.

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