... poema a anaxímenes...
En
golir
pelo
ar
do
ar
dê
pelo
nariz
riss.
Ar que tudo une:
inspirar o mundo
inspirar moléculas de Platão
inspirar e levar ao pulmão
a pobre que dormiu na várzea.
Inspirar tudo o que já se foi
expirar
e
pirar
e
irar e ar.
ear
que une
os ouvidos.
Peido
que une
intestinos.
O ar.
O uno.
domingo, outubro 21, 2007
Postado por allan de lana às 12:39 PM 0 comentários
sábado, outubro 13, 2007
A alma que desperta com alvoroço
Faz a poeira levantar.
Os grilos saltam para fora do seu caminho.
Os pássaros, com presságio, voam-se.
Camaleões, cobras, urubus e até a menor criatura
pensa na maldade da alma que se aventura
fora do sonho, fora do mundo dos espelhos -
ela só vê o além-de-si,
por isso tem o diabo estampado no senho
de tão benevolente, mesmo que por princípio insegura.
O mundo dos espelhos no qual ela dormia
é cheio de poeira do lado de fora,
encima.
O primeiro sinal de sua ruptura,
na qual saiu (saiu pra fora!), pé na estrada,
é que isso cria nuvens no mesmo instante
e grandes chumaços de pó
que às vezes lembram teias de aranha.
Mas as nuvens se desfazem
porque retornam à superfície -
são elas que espalham o pó no ambiente.
Essa nova configuração
renova a atmosfera no interior do espelho
e cria-lhe um outro fora, um outro exterior.
E os pássaros?
E as formigas?
E os camaleões?
As cobras?
Acaso eles também não mudaram seu caminho?
Sim, e seus batimentos cardíacos se alteraram.
Algum morreu de infarto... Isso é possível...
Depois desse passeio a alma retorna ao espelho.
Aos poucos as coisas chegam à estabilidade -
o exterior e também ela própria, sua aparência,
que é a expressão do que ela é.
Aos poucos a alma se deposita de novo
em si mesma e segue como um recipiente
cheio de poeira e seres infinitamente pequenos.
Postado por allan de lana às 11:17 AM 0 comentários
terça-feira, outubro 02, 2007
alguns tópicos por desenvolver...
uso e esgotamento da linguagem
uso e esgotamento da política
uso e esgotamento do uso
uso e esgotamento da moda
uso e esgotamento da ética
uso e esgotamento da propriedade
uso e esgotamento do trabalho
uso e esgotamento da criatividade
uso e esgotamento da técnica
uso e esgotamento da objetividade
uso e esgotamento da ciência
uso e esgotamento do arquivo
uso e esgotamento da reprodução
uso e esgotamento da educação
uso e esgotamento da vontade
uso e esgotamento da possibilidade
uso e esgotamento da incidentalidade
uso e esgotamento da leveza
uso e esgotamento do amor
uso e esgotamento da lembrança
uso e esgotamento da transitoriedade e da permanência
uso e esgotamento do mito
uso e esgotamento de si
uso-esgotamento do acesso ao outro
entrega à paixão pela liberdade
uso e esgotamento da paixão
esgotamento do uso.
Bem
que te acompanha
nas sombras da tua orfandade.
Bem
que te desforra
como sombras cobrindo a montanha.
Bem
que te escurece
como o ponto iluminado na intransponível
sombra
que te adia
e faz nasceres no caminho, na distância.
Postado por allan de lana às 11:10 PM 0 comentários