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allan de lana

terça-feira, maio 13, 2008

terminaram as exposições "por um fio" e "play replay". vejam, umas lembranças da "por um fio" e da obra que dela participou, "regiões audíveis - o piscar de olhos", junto com uma série de desenhos de helouysa. se vocês lembram, o projeto inicial propunha a instalação "objeto glande". ele foi totalmente readequado para se tornar compatível com o que a "comissão de seleção" solicitou - unir uma instalação e uma série de desenhos que não tinham nenhuma relação de semelhança, aliás, eram verdadeiramente díspares em absolutamente tudo. muita conversa, muito trabalho e então...








contexto: é possível situar "regiões audíveis - o piscar de olhos" dentro de um percurso, no qual busquei questionar a unidade da experiência poética e auto-poiética. unidade que não é pré-concebida dentro de um contexto formal e não se utiliza de elementos poético-sintagmáticos necessariamente mapeados (verso, letra, sílaba, conectivos fonéticos). A questão também não é a aplicabilidade dos diversos meios, materiais e técnicas que tradicionalmente delimitam e são delimitados por campos artísticos especiais (pintura, poesia, prosa, música, desenho, escultura ou performance que exigem respectivamente tela pigmento cola, verso metro ritmo poema, palavras narrativa, modo tom ritmo harmonia relação, ponto linha plano sólido, sólido matéria delimitação e corpo expressão enredo mensagem). nem tampouco pretendo trabalhar o texto como unidade vital, pois assim como às vezes o texto é buscado como único lugar onde há ou pode haver linguagem e comunicação, assim também pode-se falar com outros radicalismos, como dizer que o mundo é uma pintura, ambos são resquícios da visão limitada e forçada de que toda experiência deve espelhar algo superior e existente antes dela (deus ou a palavra).

o percurso de "regiões audíveis" pode ser identificado principalmente a partir das obras "fêmea" e "ding", ambas em 2006. elas forçam uma dialógica entre um tempo e sujeito cercados de excessos e o questionamento atemporal, simultaneamente ordenador e criador de sentido, bem como a pergunta pelo não-pertencimento da linguagem, sua primariedade ou, se quisermos identificar um indício crítico, sua "internacionalidade", nos termos de Mário Pedrosa ("arte - linguagem internacional"). tenho me aproximado melhor da pergunta (e das respostas) na medida em que toda confusão com que se dá a experiência ordinária só pode ser significada se a conferirmos uma unidade - que unidade pode haver em um sujeito que vive simultaneamente uma profusão de contextos? mas a pergunta pode ser lançada de um modo ainda mais simples, para facilitar qualquer tipo de ação e investigação (sem o idealismo europeu de outrora, mas como propôs husserl): que unidade é essa que percebemos ao ver uma cor? o que daria unidade ao som se considerássemos o tempo como sucessão - seria isso possível? pois a cor pode ser assimilada de uma só vez e ainda assim é dada em uma persistência, mas o som de uma única nota também pode ser ouvido em sua duração, sem a qual ele perderia a possibilidade de existir para mim. perguntas...

enfim, aí vai um pedaço da "ding"...

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