Picasso Gravador
Hoje a aula de Desenho 2 foi na exposição do Pablo Picasso, no Conjunto Cultural da Caixa. Lá também está tendo Otto Dix e fotógrafos africanos, aos quais eu não fiz visita. A intensão da aula era fazer algumas considerações acerca das qualidades de linha e do alcance dos claros-escuros lineares e pictóricos. No entanto, creio ser muito mais frutífero avaliar essas questões junto com a construção do sentido, descartando-as caso elas não sejam úteis para tal.
As gravuras, quase em sua totalidade, expressavam a visão dionisíaca do ser humano, fazendo uso da linha pura para clarificar todas as partes da mancha impressa. A intensão (talvez, e provavelmente, não intensional) é de dar abertura à uma idéia quase carnavalesca da arte, como na visão Nietzscheana, passada necessariamente, até se fixar por completo, pelo artista e seu desejo de potência e auto-afirmação. Tal visão levou à linha aparecer sincera a todos os detalhes, sem censurar ou esconder da luz nenhuma parte, tornando a representação de cada grafia explícita.
Um dos trabalhos em especial tratou sobre outra questão filosófica da arte e foi o que mais me encantou. De maneira genial, Picasso resumiu um dos princípios da filosofia de Kant, o princípio que iniciou, aliás, as discursões acerca da natureza do belo: ele não nasce na obra de arte, mas no seu observador. Ao mesmo tempo esse "retrato" de Picasso introduz uma idéia conceitual pela sua própria existência, a de que o sublime pode ser alcançado por meio da idéia, não só da natureza. A idéia, por sua vez, é fruto de um espírito, que na arte costuma vir associado a uma forma sensível. Trata-se de um teatro, com atores representando seus papéis calmamente e a platéia dominada por suas emoções mais fortes. O observador passa a fazer parte desse espetáculo, convidado a perceber o belo e o sublime em si mesmo.
A linha e as sombras são parte de um sentido originado na obra, mas alguns sentimentos, como a inquietação que senti, mas outros não sentiram, diante do "teatro" da gravura, extremamente frio diante do público tomado pelo pranto, pelo ódio, pelo desespero... Esses sentimentos que promovem a maneira de assimilação da beleza ou da feiura, ou ainda da idéia, estão no espectador, em sua visão de mundo, sendo ora mais, outrora menos variáveis.
sexta-feira, outubro 25, 2002
Postado por allan de lana às 5:22 PM
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