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Minha foto
allan de lana

sábado, novembro 11, 2006

aura, explica Walter Benjamin, é uma experiência do eterno sentida no momento transitório e único.

a fotografia tornou reprodutível o que antes era único. acabou com a aura. tirou-a do domínio exclusivo da aristocracia. a fotografia é uma burguesinha.

mas uma foto recupera sua aura, ela pode ter (e tinha) rastros da ação do aparelho (abrir-fechar), possui vida no tempo e se torna acúmulo de vestígios, um objeto com aura.

o contemplador, aquele que a restitui na versão atualizada e imaginária, faz que a imagem exista no momento único e transubjetivada. não adianta não querer, a aura vive!!!

além do discurso da originalidade e da unicidade, passamos à re-velação no instante. para isso, podemos utilizar a experiência do êxtase provocado por adrenalina e força.

não me apego à não-expansão-reposição das idéias de Walter Benjamin e, assim, afirmo que essa é uma estratégia da aura, não uma coisa do sujeito que prova dela.

a experiência do êxtase. o sujeito equivale-se à eternidade do transitório ao fazê-la e ganha a dimensão do cosmos por um pulso - ele é pura faísca presente.

um corpo cruza a linha de chegada e tomba: o chão é leito onde se dissipa o gozo, no momento em que a consciência reencaixa-se, em que a alma se torna novamente uma singular e minha puerilidade torna-se camada fina por chegar novamente no seu auge de energia.

em cada corrida me torno um sopro e, após ela, eu sou mais um.

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