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chega de imaginar imaginários
eu quero um pouco de realidade inventada
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heresia
na sua origem grega, haíresis siginifica a capacidade de escolher. para um estudante pode ser deleitante pensar nisso, pois talvez a heresia esteja muito próxima do seu universo.
a palavra ganha importância devido aos cânones católicos apostólicos romanos seguidos pelo imperador constantino após ser convertido, que pretenderam conservar intactos os mistérios da trindade e manter entre os fiéis o desconhecimento da natureza de cristo, à qual não se poderia questionar. poderia-se apenas crer nela, pois exprimi-la seria levar a diferenças interpretativas, a relativizações, o que abriria a possibilidade da escolha.
eis aí uma prática de sucesso improvável caso não haja opressão brutal à vida, mas que hoje é um dos combustíveis da nossa academia, muito embora esta seja herética ao perseguir o conhecimento da verdade e da ciência. entretanto, se mudarmos de perspectiva, se olharmos como as linhas de pesquisa tomam contorno e os grupos de pesquisadores segmentam-se e tornam-se até mesmo pessoalmente incompatíveis, notaremos que o destino da universidade inclui uma brutalidade sisuda.
lembramos que a guerra pelo privilégio de umas idéias também envolve a manutenção de campos de conhecimento herméticos que repelem qualquer ameaça e qualquer questionamento. Talvez, mais ainda, tal egoísmo estrutural relacione-se com a domesticação de um público que vai possibilitar uma durabilidade maior de todas as barreiras e limitações de cada um dos nichos sisudos da academia e a garantia de permanência desses no mercado. Essa última característica é quase sempre muito dissimulada - em um desses cursos universitários de artes, por exemplo, esse é um tabú dos maiores e, ao mesmo tempo, um obelisco adorado secretamente.
nesse ambiente, há um herege. claro que os professores e pesquisadores acabam sendo heréticos com relação a algumas verdades estabelecidas - na maioria das vezes essas são heresias mornas, sem paixão -, mas os verdadeiros hereges, os quais fundam seu percurso na capacidade de escolha e de questionamento, são os estudantes. nós, e aqueles que se nos assemelham, somos os responsáveis por todo o fervor existente na academia. nós, dotados de um tesão escroto, temos uma relação de gozo mais intenso com o conhecimento, nós viemos do futuro e tocamos o foda-se.
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Postado por allan de lana às 1:50 PM
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