notação sobre a figura
um sentido: afeita à imitação platônica, a figura se impõe como a verdade objetiva ideal, moral e correta. Ela educa os indivíduos para levá-los ao bem Universal, ensina-os como e o que devem querer. Essa educação é figurativa. O figurativo é o símbolo com característica de mero ícone sem códigos de referência, como a marionete que funcionaria sem um manipulador. É esse conteúdo estranho e não visto que amarra o ímpeto iconoclasta infantil, capaz de estribuchar o estado normal dos elementos em busca de interior. Assim, o educador infantil platônico tem como guia metodológico a necessidade de impor castigo à criança, para proibí-la à experiência com o estranho. Pretende-se prevenir contra a experiência de morte (o vazio, o não-senso), que ao mesmo tempo guarda a possibilidade de descoberta e vitalidade. A relação com o ícone opaco pode ser, ainda, perversa ao destroçá-lo, prática também inibida. Educação figurativa é a coação para o dominante forjado com objetividade.
método e intenção
a educação figurativa ultrapassa a questão da técnica, que enquanto habilidade independe do motivo ou da representação à qual se presta. Entretanto, a técnica acaba por vincular-se à idéia e às premissas morais do artesão ou da instituição que a ensina. As dimensões ideológicas de duas colagens semelhantes, por exemplo, podem ser extremamente distintas. Uma pode deliberar a mímese como movimento bio-fisiológico construtivo, ou projetivo ou, ainda, perverso. Outra instaura a mímese ideal, o modelo de comportamento social, do qual deriva o respectivo plano estético. Esse constitui uma Estética de juízos, não estética de sensações, de sentidos ou de diferenças significantes. Por isso, a figura (diferente de figuração ou figurabilidade) não é um universal contaminador do simples fazer comum da criança que compõe uma casa no campo ensolarado (ela pode estar fazendo isso à diferença do ideal do adulto que tentou condicioná-la, interagindo com a linguagem disponível ao jogar com designações pictóricas pré-existentes). A educação figurativa, como outra qualquer, vai além do método, mas porque parte de intencionalidade exageradamente moral. O que nela se ensina não pode ser arte figurativa, porque ela não pode ser disciplina particular, como a pintura, por exemplo. Para ela disciplina é o sinônimo de obediência. Seu método: punição e crítica; sua intenção: controle.
quarta-feira, setembro 14, 2005
Postado por allan de lana às 12:09 AM
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