propaganda
Gente, tem uma propaganda de hemorróida no meu blog!!! Leitores, aproveitem para aliviar aqui o ardor e o comichão das suas hemorróidas. Antes havia um comercial de galerias de Arte e eu pensei que alguém tivesse feito algum trabalho de segmentação em função dos conteúdos de cada blog. Vê se pode! Mas como artista costuma mais se foder do que outra coisa, até que não espanta que suas hemorróidas sejam "comichonadas" (inovações moderníssimas da Estética performática pós-futurista - nem te conto!).
Deixemos o espanto inicial, provocado pelas irritações nas pregas, um pouco de lado, afinal, a verdade é que o jargão que diz que todo artista nasceu para o insucesso é pouco creditável. No campo da Pintura, por exemplo, cujo nome mais citado para comprovar essa máxima infame é Vincent Van Gogh, os casos de sucesso somente depois da morte são raríssimos.
Na tentativa de justificar a qualquer preço tal falácia, criam-se mitos em geral associando a arte à loucura do artista. Eis o mesmo Van Gogh no centro das atenções. Por causa de uma orelha marketeira, responsável por todo o trabalho de memorização de sua marca como o modelo a ser seguido e nomeador de toda uma categoria, como uma "Bombrill" ou uma "Gillete", a fama de todos os criativos é a de serem loucos.
Outro fenômeno da mesma natureza de "O Médico e o Monstro" instaura uma conspiração ainda maior. O mais exato criador, aquele davinciano preocupado com os cálculos na base da sua invenção, acabou por ser chamado também de louco. A sensibilidade, por mínima que seja, chegou a ser colocada na lista dos sintomas da loucura, por envolver delírios apaixonados e a recriaçãoo fantástica do real: o sur-real!
Eis que por alguma ironia desconhecida, somente as ironias são conhecidas. Parte da história é omitida e o sucesso, então, da maneira como é conhecido, é ser fodido (não me pergunte como). De fato, muitos artistas morreram na sargeta, ou por não administrarem bem o seu sucesso ou por algum vínculo político pouco saudável, mas nesse caso houve ascensão e queda.
Existem também os artistas anônimos nas noites metropolitanas e aqueles que jamais apareceram na lista dos televisionados e das celebridades. Nesses casos a confusão ocorre porque, por um fenômeno um pouco estranho para quem o passa a notar, a TV e os veículos voltados para as massas passaram a ser confundidos com a verdade para a qual conspira o mundo.
Diferentemente do que transparecem, tais veículos são dirigidos e editados normalmente por profissionais convictos do que querem. Parte deles declaram suas ideologias para mantê-las em diálogo com as de seu público, aprimorando-se e possibilitando que o público se aprimore. Outra parte, na pretensão de que todo um emaranhado de personagens políticas conservadoras os adulem e os façam influentes, oferecem seu retrato bem bolado com cara de espontêneo para que legiões de leitores o imitem. São mantidos estes, dessa maneira, afastados de sua maior arma: o pensamento.
Por alguns artifícios da mídia, somados a crueldades sociais e discriminações que por toda história fizeram vítimas no campo do sensível, a arte que se conhece hoje é aquela feita há quase um século. O caso se complica ainda mais com a relativização que poucos leigos conhecem, uma ruptura em todos os sistemas artísticos, que deu margem à transversalidade entre esses e outros, à transdisciplinaridade, bem como à dissolução da idéia de arte.
Para ser artista, em breve, poderá bastar viver. Não viver inerte como um telespectador, mas tão ativo quanto um louco: tanto cientista quanto apaixonado. Isso sim é obter sucesso!
sexta-feira, janeiro 23, 2004
Postado por allan de lana às 7:55 PM
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