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allan de lana

quarta-feira, março 05, 2003

ode ao blogue
Um blogue pode ser uma experiência reveladora. É possível designar esse tipo de ocorrência, que promove auto-conhecimento e entendimento, como uma das qualidades que jamais abandonaram a arte. Ainda que uma obra de arte surja em meio a preconceitos, ela mesma não é nada além de um mundo regurgitado e recapturado pelo conhecimento perceptivo. É assim que um Pedro Américo promove um evidente conhecimento de si por meio da retratação da Batalha do Avaí em que aparece vestido de soldado, portando um comportamento e uma expressão, além de possibilitar a propagação temporal longilínea da historicidade de um acontecimento e das preocupações das ciências de sua época e espaço. Usando mídias diferenciadas das do mestre do séc XIX, Nelson Leirner hoje dá motivos para discutirmos sem fracassar pela desistência o papel da religião e da moda e as vicissitudes e vícios das nossas convicções. Já o blogue eleva ou rebaixa à arte da revelação; não é um "reality show", mas costuma ser o registro de experiências válidas de maneira muito mais refinada. Exige não somente a descrição de fatos: ao descrevê-los e nomeá-los, automaticamente, ainda que não haja vontade consciente, ocorre a atuação do estilo como elemento de análise. Em outras palavras, prosaicas e incultas, blogar é reviver, selecionar, estilizar e revelar-se a si mesmo.

homenagem a um blogue morto - seis dos últimos momentos
Hoje deletei meu antigo blogue, mas selecionei alguns dos seus últimos suspiros, um deles já denunciava, no início de setembro de 2002, antes mesmo da imprensa, e anos depois da minha descoberta, roubos na saúde pública do DF que mais tarde, quando passaram a ser feitos sobre a compra de remédios, levaram centenas de pessoas a falecer nos hospitais (Isso mesmo, para quem é de fora ou de outro país, nosso governador é ladrão e assassino). Eis a homenagem::::

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O meu T4 está livre e meu TSH, ultrassensível, por isso eu quero escrever poesia
Tire o óide daqui, beibe
A quimioluminescência automática chegou.
Nenhuma iluminura é analógica e todas ficam mais ou menos na minha cabeça
O meu livro das horas.

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acho que meu blog tá com vírus do Baba, um árabe filho da pauta... Que porcaria era aquela? Muitas letras, muitas mesmo!!! Alucinações nerds?
Que acontecimento mais macabro!!! Agora aparecem Figurasinhas de colocar em fundo de página encima na esquerda.
Você viu isso?
Diz que viu, pra eu não me desesperar com os 150 ml de chá de cogumelo que eu virei ontem.

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Tentaram derrubar a Oficina do Perdiz
Nunca fui lá, mas pretendia ir
Me parece ser melhor do que espaços culturais
Regularmente inscritos nos buracos dos anais
Da Secretaria tola e medrosa
Que coloca a nossa arte no sovaco
Da urna do Estado-Macaco
E essa arte melindrosa, politicamente perdida
Poderia ser salva em alguma casa alternativa
Por isso, se eu fosse o fiscal
Deixava de ser animal
Protegia os bens caídos nos braços da cultura
Como a Oficina do Perdiz
Esquecia também a Marlene Dornas
E a ordem da Secretaria-Chafariz
Tomava dos políticos a cultura
E iria derrubar era a casa do Roriz.

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Vamos ser enganados pela "urna", morte à urna.

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Baré cola:
o futuro em nossas mãos!

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Me veio à mente um trabalho de campo sobre comunicação empresarial que eu fiz uma vez em um hospital público e quando eu tava interpretando os dados levei um susto que quase caí da cadeira. Voltei ao início, ouvi a fita outra vez... Tava certo, a FHDF tinha um funcionário fantasma na área de imprensa. O que você faz nessa hora? Chama a polícia? A pessoa que me deu a entrevista nem se tocou do que ela tava denunciando (apenas informou números e dados sem análise). Eu não fiz nada, só dei destaque a esse ponto no seminário para concluir que: "informação não é comunicação." e que a área de saúde pública estava sendo usada ilegalmente, apesar do corte total de investimentos em programas de prevenção na época. Isso tudo eu lembrei porque preciso passar o resto dos disquetes pro computador e organizar minha pasta.

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