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allan de lana

segunda-feira, novembro 22, 2004

fragmento de um quarto


Como um diafrágma, vertia a ausência semelhante à descoberta, para um gozo de solidão.



quinta-feira, novembro 18, 2004

Extra!
a bienal depois de um mês e dois dias
Me perguntas: e a Bienal? Toda crítica a depreciou.
Algumas propostas de fato são descamadas ou perturbadas até a queda pelo ambiente conturbado, principalmente no térreo. Mas de início dois momentos me fizeram bem. Agrupei-os com o nome de "obras-descanso", pois seu primeiro impacto foi reter a turbulência e sugar meus sentidos para tateá-las. Laura Vinci e Jorge Macchi foram seus autores. Ambos utilizam materiais não-sólidos e que causam sensação de algo fluido: o som de caixinha de música (ar), em Macchi, o vapor d'água (ar e água) em Laura. A natureza nos dois são diferentes, porque em Macchi o som é associado à imagem de vídeo em loop de uma avenida larga vista de cima, com carros passando em diferentes velocidades, o que deixa o rastro de seu contexto original do cotidiano, que é crítico se estivermos em Sampa. A natureza de Laura deixa espaço maior para a potência do fenômeno natural em si, a evaporação e a condensação. Eles abrem grandes espaços para o gozo fora da experiência e a recombinação de Macchi provoca situação estranha, de desfamiliarização com algo muito conhecido e já carregado de significados, mas ele resiste, provoca como uma criança teimosa e não cai no reino comum dos significados.
Mas esses foram apenas os primeiros a me seduzir. Minha reação foi diferente com Batchelor, por exemplo (imagem acima)... E foram tantos outros...


blog temático
Alguns dos próximos meses serão temáticos. À direita está o tema para novembro. No fundo já são votos para 2005.

domingo, novembro 14, 2004

Com Barthes, por uma estética da dor.
"O estereótipo é a palavra repetida, fora de toda magia, de todo entusiasmo, como se fosse natural, como se por milagre essa palavra que retorna fosse a cada vez adequada por razões diferentes, como se imitar pudesse deixar de ser sentido como uma imitação (...) Nietzsche fez o reparo de que a 'verdade' não era outra coisa senão a solidificação de antigas metáforas (...) O estereótipo é esta nauseabunda impossibilidade de morrer".

sábado, novembro 06, 2004

Quem não foi à vernissage de ontem à noite não viu a infância das "Duas maneiras de furar a si mesmo". Os papéis se modificaram. O vento os torceu e a umidade da chuva invadiu a galeria. O lugar não é mais o mesmo. Convido-os para que assistam a essa metamorfose.

Breve comentário do Matias Monteiro
"A exposição de Allan de Lana na galeria de Bolso da Casa de Cultura da América Latina resiste a escrita. Ele constitui um espaço á parte; Allan nos lança irremediavelmente a um espaço outro, onde elementos flutuam em um desdobramento espacial que não se limita. A idéia dos furos e perfurações (já não recente nas pesquisas de Allan, mas só agora aberta ao público) não perde de vista a agressividade inerente no ato de perfurar, de vencer camadas, forçar caminhos e irromper superfícies. As pequenas inscrições pueris que Allan dispõe sobre as paredes revelam essa agressividade. Mas há também nelas muita suavidade. A perfuração neste trabalho se insere entre o ato violento de romper, e uma poética do não-limite, da não barreira, uma tentativa de igualar interior e exterior em um só espaço. A escolha de Allan pelos grafos infantis parece, neste aspecto, bem acertado. Não se trata de uma ingenuidade, mas de uma clara percepção da infância em si. O mundo também nos irrompe, nos adentra de forma violenta, ou na ambigüidade inerente a violência (furar o papel não com a ponta do prego, mas com sua outra extremidade umidecida). Disso advém uma possibilidade de amplitude.
Os pregos na parede sustentam com certa suavidade os textos e inscrições poéticas. O prego desconhece, ou conhece mas despreza, os limites físicos da sala. Ele quer ir além, ir através... O enxame de maribondos (são todos um nesse jogo de réplicas do coletivo) transfiguram-se em um só ataque, em uma só ferroada. Allan possivelmente não sabe, mas é discípulo inegável de Thanatus; seu furo aponta para uma possibilidade de equilíbrio de suspensão tencional, esse corpo perfurado é o corpo da não resistência, um corpo não mais tencionado, um corpo sem interior... um corpo que dessolve mediante a crueldade do furo, em total amplitude espacial".

segunda-feira, novembro 01, 2004

Voltei pra convidar vocês
Eu eu professor Vicente vamos abrir três exposições ao público dia 5/11, sexta-feira agora, 19:30h, na CAL - Casa da Cultura da América Latina.
A CAL fica no Setor Comercial Sul Quadra 04 - Ed. Anápolis, perto das Lojas Americanas.
Ocuparei a Galeria de Bolso com "Duas Maneiras de Furar a Si Mesmo". O resto é por conta do Vicente.

Duas Maneiras de Furar a Si Mesmo é composta por duas proposições inéditas. Uma são apropriações e pastiches de desenhos meus quando criança, outra é baseada em "Como furar papel-de-seda-azul-com-bolinha-branca", uma técnica sádica para realizar furos industriosos em papel.
Os desenhos infantis apropriados e imitados, o "Como furar papel-azul-com-bolinha-branca" e uma série que não é inédita, de desenhos sobre insetos, estarão expostos na Galeria de Bolso da CAL - Casa de Cultura da América Latina - a partir de 6/11/2004. A abertura da exposição acontece na noite dessa sexta-feira, 5/11.

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