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allan de lana

domingo, julho 31, 2005

romantismo (in)vulnerável


delacroix. liberdade, 1830.
















O Estado brasileiro de hoje quer ser libertador. Mas sua realidade é o positivismo neo-liberal mantido no disfarce de romântico, com toda a sua aura academicista. Por isso ele gasta muito mais em propaganda e marketing do que em educação.









cicatrizes - o Iraque um ano depois


fotografias de anderson schneider - museu oscar niemeyer - curitiba, fev/2005. (foto retirada do folder da exposição).

sexta-feira, julho 22, 2005

Penso que a solidão resolveria boa parte da paranóia social que vivemos.

Certa vez fui andando sozinho do bar até em casa. Eram 2 da manhã e o caminho é tido como perigoso por muita gente. A rua é toda vazia nesse horário e as casas estão fechadas. Há muito medo dos criminosos, mas muitos poucos deles. Como resultado, a noite é desconhecida e o céu nunca tem muitas estrelas, pois elas e tudo o mais só existe para quem os percebe, não para essa classe média, que vive de temores. Fui chamado atenção por me sujeitar ao desconhecido.

Toda percepção do exterior, feita no caminhar, e toda solidão, têm sido substituídas pela segurança. A casa moderna é a simulação da ausência do morador, e é mais cerrada do que a caverna, com objetivo de que o sujeito esconda-se do perigo. Assim também o carro... Tudo sintoma de uma síndrome. A relação com o mundo nesse lugar é guiada pela insegurança e por isso promove-se o excesso de segurança e a tentativa de forjar a privacidade. Resultado: o Estado e a classe média gastam muito mais com segurança do que Deus e o Diabo gastam produzindo marginais perigosos. Mas seria mais econômico para o Estado subornar os criminosos - pagá-los bons salários para que vivessem bem, praticassem um esporte, assistissem filmes, aprendessem um instrumento musical, se iniciassem numa ciência etc. - do que aumentar a polícia e o poder executivo.

Ainda assim, será que a grande paranóia persistiria? Talvez não, se as pessoas redescobrissem a própria solidão. A solidão é um tema fundamental que precisa ser visto pelo povo do Plano Piloto. Ela deixa atuar a mímese, faz parte do distanciamento e da identificação. A saudade e o medo são de certo modo solitários, mas há o ser só de si mesmo. Uma rua molhada, enquanto pura representação pictórica só instaura inseguranças, pois resiste a traduções, mas, por isso, não se pode buscar nela equivalência ao mundo. A lembrança de um crime também é representação da memória, não é idêntica a nada, faz parte da mímese mnemônica e quem a tem só pode fazê-lo estando sozinho - não há imagem idêntica em outra memória.

Sujeitos representados na gravura de Goeldi caminham no sentido contrário ao espectador. Segui-los ou persegui-los, tentar fisgar sua solidão, é ficar só de si mesmo, abandonar-se e, desse modo, entrar no mundo (naquele mundo gravado, de imagem). Assim, podemos dizer que esse espectador é a possibilidade da percepção e da existência, ele anseia pelo fim de toda insegurança, enquanto aquele que se tranca suprime a relação e a vida. Assim, ao nos levar para a experiência com o outro e com o exterior desconhecido, a solidão deve ser, cada vez mais, a nossa casa.

quinta-feira, julho 14, 2005

O medo da morte é bem mais forte do que pinga. Por isso, posso dizer e repetir agora: "eu amo meus amigos". Meu corpo vai mal, ele sente muito.



039
Livro é um moedor de sentimentos
feito de oclusões espiraladas
e quem não é?



038
... sou uma poesia que se alegra com o passado
meu modo de ser é em voz baixa.
quer dizer que minha existência
é o vazio.

... sou toda palavra amontoada ao lado
sem ser lida nunca em lance -
como um dado o qual se atira,
um corpo que voa.

... não narro o meu presente
vivo a morte desfalecendo -
o meu ser em surgimento se perde
- com olhar de criança.

... não tenho inclinações para o concreto
pois sou toda pensamento
e lembrança.

... sou poesia escrita em solidão,
à margem da História.

domingo, julho 10, 2005

Este poste contém:
5 assuntos (ame um e case com ele ou então pegue todos).


a)
pra não perder o costume:

NOVA LEI DE TALIÃO - Nicolas Behr

miopia por miopia
cárie por cárie.


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b)
senhores(as) de Braxília, vão às exposições da CAL e do IdA-UnB. Valem à pena. Destaque para o Moisés (CAL) e a Neila (IdA), como você pode ler aqui pelos olhos do Matias.


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c)
Ah como ser tanta emoção
Na harmonia do abraço
E ser somente esse abraço
Num continente de afeto
O corpo completo sente
Que repleto não se cabe
É o coração em despejo
É a lágrima em seu trajeto
Que zelosa evita o lábio
Para não salgar o beijo.

(O Abraço e a Lágrima - mas sem título é melhor - Lula Queiroga)


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d)
eau de parfum - aqui os posts são sentimentos, se expandem feito o ódio maldido de quem os remói consigo. Seja bem-vindo, a vida é glamurosa.


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e)
037

Amo a quem me usar de luva.

sexta-feira, julho 08, 2005

036 (Sobre o bege e o beijo)

Cobra-me decidir
(quem me cobra? Um-in-sujeito)
entre o bege
e o beijo.

Encontro o em-com-traste.
Não dá pra escapar
porque a lã é bege (Allanbege)
e nessa encruzilhada eu beijo.

Cor feia é o bege
que em oscular se perde
cai dentro entre-pele
sai fora indiferente
como fingisse o que dela se esquece.

Entre o bege e o beijo
mais que um trava-líguas.
É aí que a própria língua escorrega
porque o bege é um sabonete
lambisca, babuja e repete:

Bej.

segunda-feira, julho 04, 2005


035 (Cântico da Taverna)

Só escreve
quem esquece
e não manda
nem obedece.

Só a marginália me apetece!
Só a marginália!
Só a marginália!




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VOLTEI!
Parabéns a São João e São Luiz Gonzaga!

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