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allan de lana

sábado, outubro 13, 2007

A alma que desperta com alvoroço
Faz a poeira levantar.
Os grilos saltam para fora do seu caminho.
Os pássaros, com presságio, voam-se.
Camaleões, cobras, urubus e até a menor criatura
pensa na maldade da alma que se aventura
fora do sonho, fora do mundo dos espelhos -
ela só vê o além-de-si,
por isso tem o diabo estampado no senho
de tão benevolente, mesmo que por princípio insegura.

O mundo dos espelhos no qual ela dormia
é cheio de poeira do lado de fora,
encima.
O primeiro sinal de sua ruptura,
na qual saiu (saiu pra fora!), pé na estrada,
é que isso cria nuvens no mesmo instante
e grandes chumaços de pó
que às vezes lembram teias de aranha.

Mas as nuvens se desfazem
porque retornam à superfície -
são elas que espalham o pó no ambiente.

Essa nova configuração
renova a atmosfera no interior do espelho
e cria-lhe um outro fora, um outro exterior.

E os pássaros?
E as formigas?
E os camaleões?
As cobras?
Acaso eles também não mudaram seu caminho?
Sim, e seus batimentos cardíacos se alteraram.
Algum morreu de infarto... Isso é possível...

Depois desse passeio a alma retorna ao espelho.
Aos poucos as coisas chegam à estabilidade -
o exterior e também ela própria, sua aparência,
que é a expressão do que ela é.
Aos poucos a alma se deposita de novo
em si mesma e segue como um recipiente
cheio de poeira e seres infinitamente pequenos.

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