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allan de lana

domingo, setembro 21, 2008

em breve

entrará em atividade o blog do a.
c.a.r.o., para lançar algumas reflexões sobre a arte produzida em brasília e discutir as possibilidades de uma reunião de gente e possibilidades práticas. (que tudo se esclareça quando começarem as publicações no blog.)


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work in progress

álbuns em destaque: rock'n; mist, water...; corps; amendoeira.

além das imagens, estou atualizando alguns vídeos no meu perfil do www.myspace.com/allandelana , que apresentei há duas semanas.

em um dos álbuns há imagens feitas há alguns anos com uma canon af e uma antiga objetiva com largo zoom e distância mínima para foco relativamente baixa (menos de 2m, ao que posso lembrar). a lente era bem escura, o que propiciava fotografias com alto tempo de exposição e captação de movimento, por isso a utilizei em uma experiência fotodinâmica. o equipamento analógico interferia bastante no resultado das fotos, às vezes com ruídos imprevisíveis, outras vezes dando uma nitidez assombrosa à imagem, coisa que nunca vi em lentes acopladas (compactas) - lembro bem de uma lente 35mm da canon que eu usava combinada com lupas para possibilitar pequeníssima distância focal ou então sem qualquer combinação para registrar paisagens. quando eu via cada foto revelada, era como se meu olho tivesse sido limpo, ele se tornava tão pleno, que eu me esquecia de mim. depois de um tempo, quando comecei a fotografar muito, tentava alguns artifícios para que o processo de revelação de negativos deixasse marcas nas imagens devido ao tempo de exposição aos químicos. isso esverdeava quadros, fazia algumas margens ficarem com focos suaves... porém, quando o dono do único cine-foto em brasília que depois de seis meses continuava a fazer revelações de meus experimentos soube desse fato, decidiu que seu laboratório recusaria os próximos pedidos. a prática de mergulhar um negativo em solução por mais tempo do que o previsto pelo fabricante fez aquele velho profissional declarar que nem seus empregados nem ele seguiriam mais minhas orientações, uma vez que tudo o que eu poderia obter seriam "imagens esverdeadas, pouco nítidas, distorcidas". nenhuma insistência ou explicação reverteu a mente daquele homem. eu dizia que aquilo que ele criticava era exatamente minha busca. ele retrucava afirmando que não podia ser: ninguém neste mundo está autorizado a ter uma vontade tecnicamente errada - como pode um ser humano não compreender isso? dessa forma, fui moralmente julgado. em seguida, o senhorzinho idiota me informou que havia confiscado umas fotos e mandado fazer novas revelações delas e por isso o serviço não tinha ficado pronto a tempo. danou então a me dar aulas de fotometria. eu lhe disse que a sua larga experiência tinha outra direção que o meu experimento e, ainda assim, ele queria que o fato de ter trabalhado com fotojornalismo por mais de trinta anos fosse um argumento suficiente para que eu me tornasse finalmente um bom rapaz. pensei comigo, totalmente desiludido, que aquelas fotografias não eram para jornais, definitivamente. então, me sentindo desolado diante do fuzilamento moralista, disse que não iria mais encomendar o serviço. o velho homem então deixou escapar uma frustração: há tempos eu fazia aqueles pedidos tão inacreditáveis para revelar rolos de negativos, porém, quase nunca eu encomendava impressões: eram cinco, dez impressões em um universo de trinta, quarenta negativos, mais de uma vez por mês. depois de um tempo, quando até o velho já estava se sentindo mal de tantos impropérios que ele mesmo lançava - quando começou a pedir desculpas intercaladas a ofensas - imaginei que eu não era o tipo ideal para um comerciante comum. comerciantes vendem coisas e serviços, por isso forçam tudo a uma grande sobrecarga material. precisam tornar mais invisíveis os negativos usando positivações-positivistas, querem que o cliente ignore a matéria barata e quase imperceptível dos fluidos e veja somente parafernalhas grandes, caras, e sem valor para o olhar e o sentir. querem que o fotógrafo não se encante pelo interior da fábrica, mas pela própria imagem, pelo próprio virtuoso "nice shot". é a lógica do não-envolvimento que faz o capitalista e o virtuoso amarem a si mesmos e aos seus produtos, sem serem, contudo, amadores do processo, sem se tornarem pessoas encantadas, mas iludidos adestrados para iludir. foi curioso que, algumas semanas depois, jovens de um jornal universitário tenham levantado a possibilidade de publicar uma obra minha - na nova sessão artística criada por eles - e mudado de idéia quando lhes apresentei uma fotografia. justificativa da indisposição: a imagem estava pouco nítida e tinha legendas embaçadas... não perdi a oportunidade de obter um alívio naquele momento: culpei, em meus pensamentos, o velho do laboratório pela distorção. assim, fiquei em dupla vantagem pois, esse novo julgamento moral que jornalistas me infligiam, só tinha duas explicações: a escola que lhes ensinara, que era a mesma de meu inimigo fotógrafo, e o laboratório ruim (aos olhos do dono) que, ao acatar algumas das minhas solicitações, tinha feto meu olhar se adaptar a imagens "distorcidas". esse segundo motivo justifica por que em brasília os serviços tecnicamente errados normalmente são escondidos sem que ninguém veja: para conter a revolução que adviria do reconhecimento de uma outra cidade. ah, quanto esforço isso custaria!



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still in progress

aqui haveriam sons: publico depois.

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