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allan de lana

sábado, outubro 25, 2003

As próximas exposições do CCBB vão contar com a "Poesia de Gambiarra" de Emmanuel Nassar.

A exposição está sendo trazida do Rio de janeiro. Dentre as obras, Nassar parece gostar muito de falar em Recepcor, por ser o seu primeiro investimento em abordar a cor como elemento formal. Recepcor é um mecanismo-artista, logo, se assemelha ao próprio Nassar. Nassar não recebe o mundo sem sua própria semelhança sensorial. O artista (em geral), que tem um quê de homo ludens, sente e traduz em matéria ou, como salientou Tadeu Chiarelli quando escrevia sobre Leonilson, tem liberdade de traduzir sentindo e sentir traduzindo. O ato artístico é um pensamento (inconcluso).
Talvez alguém pergunte sobre a Arte Pop de Nassar. Ligia Canongia o compara aos Estado-Unidenses, a Jasper Johns, por exemplo. O brasileiro trabalha com emblemas e bandeiras do Estado do Pará. E é justo nelas que também se mostram as diferenças. Possamos cruzar Canongia com Chiarelli:
1) Nassar é sujeito de um mundo cheio de frestas entre a matéria trabalhada e envernizada (pop) e a matéria originária (o barro, a floresta ...), não lhe é possível mostrá-la superficialmente, porque ela mesma é em profundidade;
2) Nassar nos mostra um "pop" de gambiarra e denuncia, por meio de Recepcor, que o artista transforma o mundo para si, pensa com a matéria. "E" - "N": a obra é também o próprio artista.
3) Nassar denuncia o Leonilson da cultura paraense, o povo que pensa com a matéria, que, ao construir sua palafita, pensa sua moradia por si mesmo. Na obra afirma-se o autor, assim como a forma de vida torna-se componente da nacionalidade.

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volta à semana passada
Sobre a fotografia eu quis dizer que não é a realidade, mas é uma técnica.

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