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allan de lana

domingo, agosto 24, 2003

Hoje é aniversário de Paulo Leminski. Homenagens em Curitiba, ao poeta falecido em 7 de junho de 1989, que hoje completa 59 anos de presença.
"saber é pouco
como é que a água do mar
entra dentro do coco?"

Vale a pena pelo menos sair pra brindar hoje à noite.


poesia cênica
Por falar em poesia, hoje mesmo, 24, e nos dias 26, 29, 30, 31 de agosto, às 20:30, na Arena Jovem da Feira do Livro, vão haver encenações baseadas em poemas de poetas sem fama, desses que são artistas movidos por paixão, como eu, e que ainda não são apaixonados conhecidos. Poemas meus vão entrar na roda todos os dias, além do mais, quem quiser conferir a qualidade da nova poesia brasiliense tem uma boa oportunidade. Pergunta para você: existem limites entre o Teatro, a Música, as Artes Plásticas e a Poesia, ou tudo tem poesia e arte?


de Poesia para Conto, poesia do conto
Achei em um caderno de quinta série meu um conto interessante. Eu escrevia muito mal, muito mesmo! Mas esse eu modifiquei pouquíssimo, porque a história é interessante.

conto004
O detetive Simão estava no velório. Algo dificultava que ele se colocasse no caminho. O caixão, na praça da esquina, começava a ser transportado para a sala de Virna, filha única da velha morta. Dona Severina era mulher humilde e de imobiliário bem cuidado.

Sua voz não deixava que ninguém falasse, causava irritação quando desembestava e deixava apitando os ouvidos de quem estivesse perto. Foi silenciada. Mesmo assim, todos estavam tristes e emocionados. Não choravam muito, mas o choro contido era fruto de uma dúvida: quem matou Dona Severina?

O enterro começou sem demora. Foi morte de tiro, explicava alguém a um jardineiro do cemitério. Não havia rezas ou ritos maiores quaisquer. Simão, o detetive, na sombra de uma árvore, mostrando sua seriedade e profissionalismo, conseguia fazer a cabeça de Virna, a herdeira triste de muitas pequenas contas.

Os serviços do detetive foram contratados. Após iniciar as investigações, pressionado pela contratante, ele afirmou:

- É preciso reconstituir o caso com maior precisão.

- Está demitido!

O substituto não foi conseguido com facilidade, pois tinha uma característica especial necessária: era o pior detetive da redondeza, o Sabugosa, que começou logo a fazer anotações. Não só anotou, como encontrou uma arma esfolada, um revólver de plástico. Houvera ela disparado o tiro? Estava enterrado no quintal, ao lado do quarto da Virna e tinha preso um cabelo longo, loiro e liso. O crime começava a ser desvendado.

- Sabugosa, quem matou minha mãe?

- A senhora, até agora, é a principal suspeita.

- Está demitido! Que prova você tem, engraçadinho?

Nervos reativos. O Sabugosa sacou a arma, a prova do crime, com aflição, apontando-a, em um movimento fragmentado e nervoso, engatilhada para a cabeça da moça. Uma crise de nervos a atacava e obscurecia a cena. Virna está pálida. Somente um grito chega a toda a vizinhança, um grito estridente, lembrando até a voz de Dona Severina, a morta, tencionando a todos instantaneamente:

- Alexandre! Venha cá, meu filho! Está na hora de você jantar. Ordena Otacília, mãe de Alexandre.

Alexandre larga a arma e o boneco de plástico na areia e sai correndo, sem nem se despedir das outras crianças, com medo de uma surra. Hoje ele tinha sido o detetive Sabugosa.

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