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allan de lana

sábado, agosto 16, 2003

Muito bem, eu havia anunciado o fim da Foto Arte 2003, mas nada acabou, continuam havendo algumas exposições, só que agora são poucas, logo visitáveis, o que já não se inclui na lógica da fase mais drástica do evento. Nesse sentido, foi um fim.

A volta
Não me lembro. Alguém um dia disse, quando eu ainda nem era nascido... não me lembro quem foi mesmo, que quando tentamos ir contra um fluxo já instituído da cultura, nos ralamos, adoecemos, somatizamos, mais precisamente somatizamos. Minha opinião, necessária, pois não conheço essa teoria a fundo e terei de dar uma interpretação pessoal desse enunciado, é que quando nos comportamos de maneira que não é comum no comportamento do meio, na cultura, manifestamos algo estranho que é identificado com a patologia, nos tornamos uma espécie de verme malígno (as normas, oras, também são para nós, os diferentes, nesse caso, um sintoma crônico e consuntivo). Em outras palavras, a estranheza é identificada com a instabilidade. Ao buscar mecanismos de regulação, a sociedade tenta eliminar justamente as instabilidades. A vacina pode ser a discriminação ou algum obstáculo inconsciente ao crescimento e proliferação do novo e de seu portador. Da inpotência do novo surge o cansaço e a doença do sujeito, da mente para o corpo.

Quando viajei para a Chapada dos Veadeiros, pensei nessa relação impossível da totalidade do indivíduo com a totalidade da cultura, nessa impossibilidade da totalidade do sujeito, que nasce entre o indivíduo e a sociedade. Foi uma viagem antecipada pelo adiamento da matrícula devido à greve dos servidores, que é um sintoma e uma fuga de adoecimento. A viagem, por outro lado, evitou que o mesmo sintoma me abatesse, mas, estranhamente, constutuiu, por ter sido antecipada, outro sintoma: do sintoma: que não se manifestou, a não ser como cura, ou antídoto. É uma tautologia sem saída e sem início, sem rumo também, uma ilusão de círculo, mas que só pode ser adequada à espiral. Uma completa ausência de referenciais que pode ser uma espécie de loucura. É a isso a que se submete um estudante qualquer, até mesmo de faculdade, e tanto quanto o de uma Universidade pública: desarraigamento, doença física, tensão psicológica e loucura.

Quando eu me formar, se isso acontecer, significará que estarei apto a suportar, então, três tipos de descaso e tortura: cultural, física e psicológica. Jamais serei um artista plástico ou um professor, mas um torturado e torturador. Por enquanto só vejo saídas para amenizar esse fado, mas eliminá-lo não depende de mim, foge do meu porte e, amenizar, sabemos, é ao mesmo tempo prolongar, é ser instável e sofredor. Eu me pergunto: onde está o paraíso? Onde está a felicidade sem que o sofrimento a acompanhe?

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